Transformando Vidas pela Renovação do Entendimento
quarta-feira, 2 de maio de 2012
O conhecimento e seus tipos
Tipos de conhecimento
A realidade é tão
complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve de aceitar diferentes tipos
de conhecimento.
Desde a
Antiguidade, até os dias de hoje, um lavrador, mesmo iletrado e/ou desprovido
de outros conhecimentos, sabe o momento
certo da semeadura, a época da colheita, tipo de solo adequado para diferentes
culturas. Todos são exemplos do conhecimento que é acumulado pelo homem, na sua
interação com a natureza.
O Conhecimento faz
do ser humano um ser diverso dos demais, na medida em que lhe possibilita fugir
da submissão à natureza. A ação dos animais na natureza é biologicamente
determinada, por mais sofisticadas que possam ser, por exemplo, a casa do
joão-de-barro ou a organização de uma colméia, isso leva em conta apenas a
sobrevivência da espécie.
O homem atua na
natureza não somente em relação às necessidades de sobrevivência, (ou apenas de
forma biologicamente determinada) mas se dá principalmente pela incorporação de
experiências e conhecimentos produzidos e transmitidos de geração a geração,
através da educação e da cultura, isso permite que a nova geração não volte ao
ponto de partida da que a precedeu. Ao atuar o homem imprime sua marca na
natureza, torna-a humanizada. E à medida que a domina e transforma, também
amplia ou desenvolve suas próprias necessidades. Um dos melhores exemplos desta
atuação são as cidades.
O Conhecimento só
é perceptível através da existência de três elementos: o sujeito cognoscente
(que conhece) o objeto (conhecido)
e a imagem. O sujeito é quem irá deter o conhecimento o objeto é aquilo que será
conhecido, e a imagem é a interpretação do objeto pelo sujeito. Neste momento,
o sujeito apropria-se, de certo modo do objeto. “O conhecimento apresenta-se
como uma transferência das propriedades do objeto para o sujeito”. (Ruiz, João.
Metodologia científica).
O conhecimento
leva o homem a apropriar-se da realidade e, ao mesmo tempo a penetrar nela,
essa posse confere-nos a grande vantagem de nos tornar mais aptos para a ação
consciente. A ignorância tolhe as possibilidades de avanço para melhor, mantém-nos
prisioneiros das circunstâncias. O conhecimento tem o poder de transformar a
opacidade da realidade em caminho iluminada, de tal forma que nos permite agir
com certeza, segurança e precisão, com menos riscos e menos perigos.
Mas a realidade
não se deixa revelar facilmente. Ela é constituída de numerosos níveis e
estruturas, de um mesmo objeto podemos obter conhecimento da realidade em
diversos níveis distintos. Utilizando-se do exemplo de Cervo & Bervian no
livro Metodologia Científica, “com relação ao homem”, pode-se considerá-lo em
seu aspecto eterno e aparente e dizer uma série de coisas que o bom senso dita
ou a experiência cotidiana ensinou; pode-se, também, estudá-lo com espírito
mais sério, investigando experimentalmente as relações existentes entre certos
órgãos e suas funções; pode-se, ainda, questioná-lo quanto à sua origem, sua
realidade e destino e, finalmente, investigar o que dele foi dito por Deus
através dos profetas e de seu Enviado Jesus Cristo.
Em outras
palavras, a realidade é tão complexa que o homem, para apropriar-se dela, teve
de aceitar diferentes tipos de conhecimento.
Tem-se, então, os
diferentes tipos de conhecimento:
- Conhecimento Empírico/ Senso Comum.
- Conhecimento Científico.
- Conhecimento Filosófico.
- Conhecimento Teológico.
Conhecimento
Empírico/ Senso comum
Popular ou vulgar
é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire
no trato direto com as coisas e os seres humanos, as informações são
assimiladas por tradição, experiências causais, ingênuas, é caracterizado pela
aceitação passiva, sendo mais sujeito ao erro nas deduções e prognósticos. “é o
saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado, sem
aplicação de método e sem se haver refletido sobre algo”(Babini, 1957:21).O
homem, ciente de suas ações e do seu contexto, apropria-se de experiências
próprias e alheias acumuladas no decorrer do tempo, obtendo conclusões sobre a
“ razão de ser das coisas”. É, portanto superficial, sensitivo, subjetivo,
Assis temático e acrítico.
Conhecimento Científico
O conhecimento
científico vai além da visão empírica, preocupa-se não só com os efeitos, mas
principalmente com as causas e leis que o motivaram, esta nova percepção do
conhecimento se deu de forma lenta e gradual, evoluindo de um conceito que era
entendido como um sistema de proposições rigorosamente demonstradas e
imutáveis, para um processo contínuo de construção, onde não existe o pronto e
o definitivo, “é uma busca constante de explicações e soluções e a reavaliação
de seus resultados”. Este conceito ganhou força a partir do século XVI com
Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes e outros.
No seu conceito
teórico, é tratado como um saber ordenado e lógico que possibilita a formação
de idéias, num processo complexo de pesquisa, análise e síntese, de maneira que
as afirmações que não podem ser comprovadas são descartadas do âmbito da
ciência. Este conhecimento é privilégio de especialistas das diversas áreas das
ciências.
Conhecimento Filosófico
É o conhecimento
que se baseia no filosofar, na interrogação como instrumento para decifrar
elementos imperceptíveis aos sentidos, é uma busca partindo do material para o
universal, exige um método racional, diferente do método experimental (científico),
levando em conta os diferentes objetos de estudo.
Emergente da
experiência, “suas hipóteses assim como seus postulados, não poderão ser
submetidos ao decisivo teste da observação”. O objeto de análise da filosofia
são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a
realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação
sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pelo
conhecimento científico. Hoje, os filósofos, além das questões metafísicas
tradicionais, formulam novas questões: A maquina substituirá quase totalmente o
homem? A clonagem humana será uma prática aceita universalmente? O conhecimento
tecnológico é um benefício para o homem? Quando chegará a vez do combate à fome
e à miséria? Etc.
Conhecimento Teológico
Conhecimento
adquirido a partir da aceitação de axiomas da fé teológica, é fruto da
revelação da divindade, por meio de indivíduos inspirados que apresentam
respostas aos mistérios que permeiam a mente humana, “pode ser dados da vida
futura, da natureza e da existência do absoluto”.
“A incumbência do
Teólogo é provar a existência de Deus e que os textos Bíblicos foram escritos
mediante inspiração Divina, devendo por isso ser realmente aceitos como
verdades absolutas e incontestáveis.” Hoje diferentemente do passado histórico,
a ciência não se permite ser subjugada a influências de doutrinas da fé: e quem
está procurando rever seus dogmas e reformulá-los para não se opor a
mentalidade científica do homem contemporâneo é a Teologia”. (João Ruiz)
Isso, porém é
discutível, pois não há nada mais perfeito que a harmonia e o equilíbrio do UNIVERSO,
que de qualquer modo é faz parte do conhecimento da humanidade, embora os seres
humanos não tenham mãos que possa apalpá-lo ou olhos que possam divisar seu
horizonte infinito... A fé não é cega baseia-se em experiências espirituais,
históricas, arqueológicas e coletivas que lhes dá sustentação. O conhecimento
pode Ter função de libertação ou de opressão. O conhecimento pode ser
libertador não só de indivíduos como de grupos humanos. Nos dias atuais, a
detenção do conhecimento é um tipo de poder disputado entre as nações. Contudo
o conhecimento pode ser usado como mecanismo de opressão. Quantas pessoas e
nações se utilizam do conhecimento que detêm para oprimir?
Para discutir
estas questões recém citadas, vê-se a necessidade de instituirmos um novo
paradigma para discussão do conhecimento, a saber; o conhecimento moderno e /ou
pós-moderno. Entende-se por conhecimento “moderno”, a discussão em torno da
possibilidade de realmente existir a possibilidade do conhecer. Não obstante, a
capacidade de questionar é inerente à natureza humana, e essa mesma natureza
humana busca da respostas às questões levantadas de diversas maneiras.
Podemos definir o
conhecimento como a capacidade de questionar, avaliar parâmetros de toda a
história e reconstruir, inovar e intervir encontrando respostas que não é a
verdade “absolutas” mas uma “verossimilhança” da verdade que aponta novos
caminhos para novos questionamentos infinitos na direção de uma “verdade”.
Por conseguinte é
válido ressaltar, que além de discutir os paradigmas do conhecimento, é
necessário avaliar o problema específico do questionamento científico, fonte da
inovação, tornada hoje obsessiva. No entanto, a competência inovadora sem
precedentes, pode estar muito mais a serviço da exclusão, do que da cidadania
solidária e da emancipação humana.
O questionamento
sempre foi à alavanca crucial do conhecimento, sendo que para mudar alguma
coisa é imprescindível desfazê-la em parte ou, com novos parâmetros, desfazê-la
totalmente. A lógica do questionar leva a uma coerência temerária de a tudo
desfazer para inovar, mas nem toda inovação pode ser entendida como evolução
seja ela tecnológica ou na capacidade de Conhecer. Como exemplo a informática,
onde cada computador novo é feito para ser jogado fora, literalmente morre de
véspera e não sendo possível imaginar um computador final, eterno. E é neste
foco que se nos apegarmos à estagnação, também iremos para o lixo.
Podemos então
afirmar que o conhecimento e uma construção provisória, pois tudo que existe
hoje será objeto de questionamento, e quem sabe mudanças no devir e no povir. Neste
sentido o questionamento que é o “motor” da busca do “conhecer” é assim
passível de ser questionado, na medida em que às respostas em um tempo
encontradas não é a verdade absoluta.
É importante
conciliarmos o conhecimento com outras virtudes essenciais para o saber humano,
como a sensibilidade popular, bom senso, sabedoria, experiência de vida, ética
etc. Conhecer é comunicar-se, interagir com diferentes perspectivas e modos de
compreensão, inovando e modificando a “realidade”.
A relação entre
conhecimento e democracia caracteriza-se como uma relação intrínseca, pois o
poder do conhecimento se impõe através de várias formas de dominação:
econômica, política, social etc. Alguns estudiosos afirmam que a diferença
entre pobres e ricos, é determinada pelo fato de se deter ou não conhecimento,
já que o acesso à renda define as chances das pessoas e sociedades terem acesso
as possibilidades do conhecimento cientifico.
É inimaginável o
progresso técnico que o conhecimento pode nos proporcionar, por outro lado o
próprio conhecimento nos aponta o risco da destruição total ( armas nucleares e
biológicas). Para equalizar esta distorção, o preço maior é a dificuldade de
arrumar a felicidade que parceira da sabedoria e do bom senso é muitas vezes
desestabilizada pela soberba do conhecimento.
Portanto, podemos
dizer que o conhecimento é o “distintivo” principal do ser humano em relação a
“natureza”. É o poder de por meio de um determinado método de análise
questionar e encontrar uma resposta razoável capaz de intervir na realidade. O conhecimento também tem implicações ideológicas, pois quase sempre esta a serviço
da elite e/ ou da corporação dos cientistas. A produção do conhecimento nunca
esta isenta de valores do cientista. Por fim, conhecimento pode ser a maior
perversidade do ser humano, quando é desenvolvido e usado para fins de
destruição do próprio ser humano e da “natureza”.
TEXTO DISPONIBILIZADO pelo Profº Alex de J. Oliveira - Introdução à Teologia
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